terça-feira, setembro 19, 2006

Prostesto ao Sr. Reinaldo Azevedo da VEJA.

Clarice Lispector:
Houve um diálogo difícil, aparentemente não quer dizer muito, mas diz demais.
- Mamãe, tire esse cabelo da testa. É um pouco de franja ainda, mas você fica feia assim.
- Tenho o direito de ser feia.
- Não tem.
- Tenho.
- Eu dissse que não tem.
E assim foi, que se formou o clima de briga.O motivo não era fútil, era sério. Uma pessoa, meu filho no caso, estava me cortando a libertade, e eu não suportei nem vindo de filho! Senti vontade de cortar uma franja bem espessa, bem cobrindo a testa toda. Tive vontade de ir pro meu quarto, de trancar a porta a chave, e de ser eu mesma, por mais feia que fosse. Não, não, por mais feia que fosse, EU QUERIA SER FEIA, isso representava meu direito total à liberdade. Ao mesmo tempo, eu sabia que meu filho tinha os direitos dele: o de não ter uma mãe feia por exemplo, era o choque de duas pessoas revindicando. O quê, afinal? Só Deus sabe. E fiquemos por aqui mesmo.

Tati-Quebra-Barraco:
Sou feia, mas tô na moda.

Um comentário:

G disse...

clap! clap!