quarta-feira, setembro 27, 2006

Imbarueri

Imbarueri é quase minha Pasárgada. Lá amor é fruta que a gente colhe nos cabelos.Imbarueri é um cemitério de saudades. Lá todo dia é dia de colheita e se guarda o caroço, pois todos eles são solidões e sementes. Onde a gente insiste em rir de tanto chorar. Onde a gente brinca de mentir e não é feio.
Para chegar em Imbarueri tem que subir a alta montanha para ver os homens pequeninhos da planície. Não tem terra, nem céu, eles trocam de lugar para aprender a ser e quando a gente nota: chove diarréias de grãos amargos e se pode andar escorregadio nos espelhos d’água.
Lá A Menina do Rio bebe as águas do corpo e junto, vem logo, um Sandinista especialista em granada de mão. A granada é vida que explode em todos os raiares e em todos choveres também. Qualquer um pode beber e explodir, é só sentir a pulsação que os ares de Imbarueri cheiram.
Lá é o lugar das intersecções. Imbarueri é pierrot vestido de bufão. Lá o profano tem gosto de mel sagrado. E a orgia dos prazeres bate na carne quando se reza. Para rezar basta tocar os botões de flores rubras ou comê-las, o que dá um efeito insandecedor.
Lá a loucura é bem-vinda. Lá se diz o que não precisamos dizer. Lá a tristeza é uma carícia.
Imbarueri tudo surge e perde-se repentinamente... para entendermos o desaprender das coisas. Imbarueri não é um sonho. Imbarueri é um pesadelo ao qual sonho todos os dias.

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