sábado, junho 30, 2012

histórias de uma rua chamada solidão


agora tenho um sono interminável e um cansaço de pestanas baixas de quem carrega a um nascer do sol nos olhos, esse resquício da boemia. me sento sem amanhã em um banco, em uma bicicleta, em um sofá no chão que é a cama desse amor urgente.

me faço ali entregue, mergulhada nos cheiros e gostos. e como quero brincar no teu corpo, escorregar meus dedos e te fazer sentir as sutilezas, os lugares recônditos e propícios, deixando rastros e um arrepio de um arranhar leve, rasgos claros. e se de repente palpitam pupilas castanhas infantis, eu de pronto agradeço delas virem acompanhadas de um sorriso docemente sacana. aaah...

tenho um ontem guardado feito o vôo de um pássaro que é bonito deixá-lo ir só para poder vê-lo voar. me serves nas noites de carinho e mal sabes que nem posso com essa vitamina toda da manhã que me ofereces com essa cara lavada de mãos apenas. faço um esforço para lembrar nos absurdos e na gratuidade da noite anterior a essa, para ter um pouco de raiva, e não posso, porque já me perdi nos risos e delícias de todos causos e besteiras que contamos e nos deixamos levar, talvez pela honestidade, talvez pela mentira bem dita em exagero.

e se te faço mais bonito do que realmente é, talvez porque não te conheço, e muito porque comecei a traçar os primeiros traços e eles vem do meu coração que é teu espelho. meu coração está inundado de amor pelo mundo cada dia um pouco, é um cão vadio, amante de malandros velhos, artistas pé rapados e bons garotos da classe média, às vezes até de mulheres lindas, por que não?! e recebo cartas de amor apaixonadas e mensagens impróprias nas madrugadas. e o que importa? pouco ou quase nada nesta meia-noite em que de novo preciso dormir, mas a lua continua a brilhar lá fora e bob dylan e pink floid não são o bastante para uma noite de cama e repouso.

toca milton, sabina, baleiro, cazuza e lenine mil vezes como se fosse inédito, como a primeira vez. e me sinto como se o mundo fosse pequeno. e em todas as canções tem alguma coisa de ti e penso, puta que pariu: tou fudida!, não como antes... um pouco mais, um pouco mais, e ele ainda me receita um chá para gripe enquanto atrás do balcão responde a provocações a dois centímetros, bilhetinhos impróprios e doces na ponta língua. 
e da minha boca estonteada pende o desejo latente de ir ou não ir, querer ou não querer.

pronto, estou cá com minha alma e pro beijo de boa noite de minha mãe: sou sossego e alegria. 
alegria de estar viva, de eu ser exatamente quem sou e de te ter deliciosamente desnecessário.

Nenhum comentário: